quarta-feira, 14 de outubro de 2009


Quer conhecer um pouco da cidade? Passe um domingo na feira-livre! A feira livre de Juiz de fora que acontece todos os domingos nos últimos 42 anos foi matéria a ser pesquisada “in loco” e trabalhada pela ação educativa da mostra Palavra: dos Homens, das coisas, das plantas e dos animais. A feira como resgate da identidade e história da cidade e seus habitantes: “Ir à feira, mais que comprar, é um mergulho em histórias, pois elas são formas de expressão do patrimônio cultural de uma localidade. São espaços fantásticos com muitas possibilidades de diversos grupos se manifestarem, são um local do encontro da pluralidade...”.






O sociólogo e professor do Departamento de Turismo da UFJF Euler Siqueira acredita que a feira é como um jogo, aberta à criatividade e em que sempre é possível uma jogada diferente, num campo onde a realidade social é negociada. “Todo consumo de objetos sem utilidade aponta para outras lógicas simbólicas, que não a utilitária e a instrumental”, salienta. Por isso, o sociólogo indica que a feira vai além da racionalidade econômica, ao ser um lugar de trocas de sentidos e significados para os bens. Certas bugigangas podem, então, ser adquiridas pelo baixo preço, pela vontade de colecionar certo gênero de produtos ou pelo prazer de comprar e negociar, por exemplo. Informações retiradas do site estudo antropológico.





Os muitos sons e sentidos, que podemos captar em uma feira, foram nossos objetos de trabalho para esta ação educativa realizada no Museu do Crédito Real.


GANHANDO NO GRITO

“Gritar o preço também ajuda a aumentar a venda”



Dizem os feirantes que para agradar o cliente, tem que ter voz, tem que ganhar no grito.

Aqui a palavra também é um meio de troca e o dinheiro perde a sua impessoalidade, preste atenção:
Cada feirante tem um jeito próprio de tratar o cliente. O brincar, o gritar, assim vão fazendo sua propaganda interagindo com as pessoas gerando boca-a-boca sobre seus produtos, citando slogans como: "moça bonita não paga, mas também não leva".


Observe o comportamento de cada um (vendedor e comprador) com o dinheiro, como cada um relaciona-se com isso e anote:
Palavras e expressões utilizadas durante o percurso foram observadas, anotadas e escolhidas para serem graficamente trabalhadas.

O OBSCURO OBJETO DO DESEJO













“Capacete quebrado, extintor de incêndio com defeito, dentaduras, peças de ferro velho. Não são poucas as opções estranhas e curiosas à venda em feiras-livres...”. Qual objeto lhe atrai ou provoca desejo por familiaridade (identidade) ou singularidade? O mesmo, será esboçado e retratado durante a oficina.


ryan


bárbara


jeanne

gustavo



joice



beatriz


matheus

QUANDO QUINQUILHARIAS VIRAM OBJETOS DE ARTE


Afinal quem decide que uma pintura, uma escultura, um copo d`água é arte? Quinquilharias, fragmentos de ferro e madeira como as que vimos adormecidas na feira, destituídas de sua funcionalidade, são matérias primas transformadas pelo artista plástico Ricardo Cristofaro em algo que em principio parece reconhecível e, no entanto já está em outro campo de significado, tornando-se assim objeto de arte. Nossa turma foi conferir a exposição deste artista e professor de escultura do Instituto de Artes e Design da UFJF, que aconteceu no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, e perceberam como ao longo de sua existência um objeto pode passar de utilitário para afetivo, até ir parar num museu, quando ganha valores históricos e estéticos. Afinal, se ficarmos convencidos de que uma roda de bicicleta, exposta numa galeria ou museu, é arte, ela passa a ser arte?


O artista Marcel Duchamp por meio de seus "ready-made" (apropriar-se de algo que já está feito): escolhe produtos industriais, realizados com finalidade prática e não artística (urinol de louça, pá, roda de bicicleta), e os eleva à categoria de obra de arte. No inicio das primeiras décadas do século XX, foi ele quem primeiro trouxe o conceito de arte tal como concebemos hoje quando a beleza, sensibilidade, expressão e mais o que se quiser mostram-se insuficientes para redescobrir tudo que a nossa cultura entende por arte.







Como diz o colunista da Folha Jorge Coli:- “não se trata de uma impostura, a palavra “arte“ adquiriu hoje poderes reais. É um abracadabra que funciona. Metamorfoseia a caixa de sabão Brillo, ou a roda de bicicleta. Elas passam a emitir sinais, significações, intuições que antes não tinham. No mundo dos objetos comuns eram mudos. Depois que viraram arte, falam uma linguagem, silente e intensa. A razão é que se sacralizaram pela nossa crença: como acreditamos neles, eles nos respondem”. Duchamp afirmaria que "será arte tudo o que eu disser que é arte" - ou seja, todo acervo artístico que nos foi legado pelo passado só é considerado arte porque alguém assim o disse e nós nos habituamos a admiti-lo. Donde se conclui que La Gioconda, de Da Vinci, ou O Enterro do Conde de Orgaz, de El Greco, não seriam mais arte do que um urinol ou uma pá de lixo: todos dependem de uma reconstituição atual de seu sentido (como funcionamento da obra), e somente nesse funcionamento, do qual faz parte o sujeito, é que a obra se justifica como arte. Isto é, além de nos indicar que a arte precede e prescinde a maestria formal, o ready-made nos faz ver que o objeto deixa de ser arte no momento em que deixa de propor, para si mesmo, novas interpretações – no momento em que deixa de fazer um novo sentido. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Ready-made" Agora pense se isto também não acontece com o dinheiro?









CURIOSIDADES


. A criação da agricultura foi uma das maiores revoluções da humanidade, pois permitiu ao homem permanecer no mesmo lugar, sedentário. Como a atividade agrícola é mais produtiva do que a coleta, os homens não precisavam mais trabalhar todo o tempo. Ao invés de falta de alimentos, havia um excesso de produção, o excedente.

. Enquanto eram coletores, os homens eram iguais entre si, pois todos tinham sempre, em geral, carência de alimentos. Com a agricultura inicia a desigualdade entre os homens, pois sobram mais recursos para uns do que para outros. Mas, o mais importante é que as sociedades que tinham mais excedentes liberavam mais pessoas do trabalho de produzir alimentos. Estas pessoas, com todo o tempo livre, passaram a se dedicar a atividades científicas, sacerdotais e militares.

. Assim, quanto mais tempo livre havia, mais os homens podiam desenvolver seus próprios conhecimentos e exércitos. A conseqüência foi que as sociedades que mais se desenvolveram tiveram forças para escravizar as sociedades "mais atrasadas", tomando para si os alimentos que elas produziam. Assim, os povos "mais desenvolvidos" ganhavam mais tempo livre ainda para investigar a natureza, gerar conhecimentos e erigir enormes centros urbanos.




. A visão positiva do trabalho é uma coisa muito recente na história da humanidade. Ter um trabalho foi considerado uma coisa negativa durante toda a antiguidade e idade média. Trabalho, nestas eras, foi primeiro uma coisa de escravos, e depois uma coisa de servos, ou seja, de seres embrutecidos e considerados inferiores.

. Os primeiros a terem uma visão positiva do trabalho são os mercadores burgueses da alta idade média e início da idade moderna. Estes homens enriquecem pelo próprio esforço, através do comércio de produtos importados do Oriente.




. Os americanos inverteram completamente a lógica social da antiguidade, e colocam abaixo dos outros na sociedade os losers, os ociosos, aqueles que não trabalham ou trabalham pouco. Na civilização americana o status não está ligado a títulos e cargos sociais, mas ao que cada um consegue ganhar no tempo que dispõe. Podemos dizer que eles criam um novo tipo de igualdade, diferente daquela dos coletores da pré-história. Estes últimos eram iguais na carência de alimentos, e os homens da civilização americana são iguais porque podem associar-se do modo que acharem melhor para ganhar mais dinheiro no tempo que possuem. Enfim, as oportunidades estão dadas! Se você não as aproveita, e sai para passear, na verdade não apenas deixou de ganhar, mas perdeu.
Pense um pouco sobre estes valores incutidos ao mundo pela Cultura Americana e quais tem sido as conseqüências de tal pensamento?
.